Novembro de 63

Título Original: 11/22/63
Livro Único.
Autor: Stephen King
Editora: Suma de Letras
Páginas: 727
Ano: 2013

Sinopse

O Ano é 2011 e Jake Epping, um professor de inglês de uma cidade do Maine, é recrutado por Al Templeton, dono da lanchonete da cidade, para assumir a missão que se tornou sua obsessão: deter o assassinato de John Kennedy que aconteceu em 22 de novembro de 1963. Al mostra a Jake como isso pode ser possível: entrando por um portal temporal que descobriu na despensa de sua lanchonete que o leva, sempre, às 11:58 a.m. do dia 9 de setembro de 1958. 

Enredo: ☆☆☆☆  

Não achei a trama super gênial  uma vez que a premissa de alterar passado para mudar já foi batida inúmeras vezes, porém, ainda sim, achei  criativa a escolha do evento central, o Assassinato de JFK, pois é um crime que, ainda hoje, não foi 100% esclarecido e se tem várias teorias da conspiração que circundam esse acontecimento. A maneira como a viagem no tempo é descrita, soa crível. É possível acreditar que, se um buraco de minhoca se abrisse para o passado, ele se pareceria assim. 

A trama principal, investigação de Lee Oswald, é muito boa, com direito a escutas escondidas e binóculos, nunca temos certeza absoluta se foi ou não Lee Oswald quem atirou ou se o atirador tinha algum comparsa, não até as últimas páginas. Como li sem pesquisar nada sobre a história do crime, contava apenas com os poucos fatos que lembrava e acabei ficando meio perdido em alguns pontos da história e isso me levou a querer retornar para as subtramas de Jake em Jodie com Sadie. Como sugestão recomendo que assista o filme JFK A pergunta que não quer calar de 1991 (destaque para o trecho aos 57min) ou ao menos algum documentário introdutório no youtube.

As subtramas também têm bom peso narrativo, em especial o arco da Família Dunning, uma vez que Jake vai totalmente às escuras investigar Frank Dunning EM DERRY!  Ver Jake interagindo com Bev e Ritchie foi muito bom (bip bip Ritchie). Acompanhar Jake assumindo o papel de George Amberson em uma escola em Jodie também é muito interessante, principalmente quando vemos o choque cultural, Jake vem de décadas à frente e isso acaba tornando-o, aos olhos dos demais professores, um docente pouco ortodoxo. Outra coisa prazerosa de se acompanhar é a evolução de um romance com Sadie, bibliotecária da escola que acabou de sair de um casamento disfuncional (vassoura) e passa por uma separação problemática.

Durante a leitura eu só conseguia vislumbrar dois finais possíveis (aceitáveis), King escolheu um desses, então posso dizer que fiquei satisfeito.

Personagens: ☆☆☆☆ 

Todos os Personagens são bem carismáticos, onde destaco principalmente  Deke e Sadie. Jake Eppings é um personagem muito carismático também, mas sinto que ser um homem do futuro, com décadas de desconstrução à frente, acaba contrastando muito com a sociedade dos anos 60, mas ele ainda sim se destacaria do homem médio dos anos 2010.  Sadie é divertida e inteligente, ver como ela subverte (um pouco) o “padrão esperado” de uma mulher nos anos 60 é muito interessante. As cenas dela com Jake são muito boas e ver o relacionamento dos dois evoluindo, superando as adversidades, é muito bonito. À medida que o livro vai avançando, Sadie vai ganhando importância na história, tornando crucial para todo desfecho.  

Capa, Diagramação e Escrita: ☆☆☆☆ 

Li em Ebook então não posso julgar o material físico. Já no quesito escrita o livro é bem fluido, consegui trazer com precisão os pensamentos, sentimentos e emoções dos personagens. O texto simples não possui muita sofisticação mas em contrapartida apresenta outra marca registrada do King, a grande quantidade de descrições (Algumas vezes achei que algumas descrições perdiam sentido para mim, Brasileiro médio, talvez para um americano lendo o livro, fizesse mais sentido) e isso não funcionou pra mim, eu várias vezes tinha que pegar o celular pra pesquisar sobre o carro que Jake tanto amava, ou sobre a descrição que Sadie usava ou até mesmo como era o modelo do revólver que Jake carregava consigo (citado várias vezes no livro). Como eu acho que se o autor se deu ao trabalho de especificar, eu fico curioso pra ver, e sabemos que pegar o celular durante uma leitura não dá muito certo… o livro não é pequeno e isso com certeza contribuiu para minha demora em finalizá-lo